sexta-feira, 18 de novembro de 2011

“OS IMORRÍVEIS!”


Tem pessoas que nos passam a impressão de que são “imorríves”, isso é, mesmo após terem ultrapassado a muito dos 70 anos de idade, continuam gatafunhados na vida com tanto vigor e alegria que, a morte lhes parecem um insulto. Morrer? Quem disse que os “imorríves” têm tempo de morrer?

Estamos envelhecendo como nunca antes na história, temos legiões de idosos, Nos próximos 20 anos, segundo o IBGE, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final desse período. Nesse universo os “imorríves” se sobressaem porque simplesmente não se permitem envelhecer, os velhos são sempre os outros. Quando indagados sobre algum problema referente à idade, ficam surpreendidos, afinal, como eles poderiam saber? São homens e mulheres, cujo tempo não se sabe bem porque, simplesmente esqueceu de admoestá-los, de fustigá-los, como impreterivelmente faz com os demais: Nós, os mortais comuns.
Os “imorríves” são seres adoráveis, dinâmicos, empreendedores e sempre dispostos. E que se ressalte, são raros, na verdade raríssimos. Sou uma privilegiada, pois tenho em meu pequeno círculo de amizades, alguns representantes preciosos de “imorríves”.
Alguns eu conheci quando eu ainda era jovem, eu envelheci, e eles continuam serelepes e pimpões. Enquanto eu constato que eu já vivi além do razoável, eles desconjuram quando o assunto é morte e dizem ter muito ainda a realizar, para os “imorríves”, idade é um detalhe insignificante.


Um dos meus “imorríves” queridos é seu Jair, o “rei da carne verde do Pará”, um dos maiores criadores de gado da região. Com quase 90 anos e já extremamente rico, iniciou um novo empreendimento: Criar peixes, em várias, de suas ilhas fluviais paraenses, com direito a inspeções pessoais e diárias. Ano passado, passei uma tarde maravilhosa ouvindo os relatos empolgantes de seu Jair, a respeito do novo empreendimento. Descreveu suas novas atividades, com tanta energia, empolgação e detalhes que eu fiquei exausta! E após a explanação acirrada eu já visualizava os peixinhos engordando vertiginosamente a fim de serem abatidos na próxima semana santa de 2012. Tenho certeza, que foi um sucesso. E que, em breve, Goiânia será invadida por toneladas de peixes congelados e deliciosamente paraenses.


Outra “imorrível” muito querida é D. Maria Luiza, com 80 anos ela é responsável pelo realce de minha pouca beleza, esclarecendo, M.Luiza é representante de produtos cosméticos, e vasculha a cidade durante todo o dia, pegando vários ônibus e andando distancias impensáveis pra muitos jovens, levando em mãos, seus produtos mágicos, que prometem a beleza e a juventude eterna. E espalhando em vários lares sua inacreditável alegria e leveza de ser. Vaidosa e bonita esta sempre atenta às novidades e, não poucas vezes, foge pra uma voltinha no Shopping Flamboyant, onde diz toda faceira que vai fazer algo muito melhor que ir ao cinema. Para um bom entendedor, “um risco é Francisco”.
Não poderia deixar de citar a “imorrível” espetacular, Dona Margarida Flores, que do alto dos seus 90 anos é detentora de uma generosidade e uma tranqüilidade surpreendente.D.Margarida ignora o tempo solenemente, veio me visitar ano passado, fazendo uma viagem de dois mil km de carro. Festeira, ela ainda ia percorrer mais mil km para presenciar a formatura do neto. Entusiasmada e escandalizada com minha pouca disposição em viver muito, repetia de forma grave: - Vc é única!
Mostrou-me roupas e adereços, mostrou-me fotos, contou-me casos, fez planos de presentear-me com toalhinhas primorosamente bordadas à mão. D. Margarida borda divinamente e pasmem dá aulas de artes e promove pequenas exposições com as peças dos seus alunos. E certamente quando eu morrer, vai dizer pesarosamente. “- Tânia era única!”.
Diz o poeta que os bons morrem cedo. Completo afirmando que os melhores não morrem nunca. Agigantam-se frente à vida, dominam as esquinas do tempo, ignoram tão veementemente a morte, que a confunde, a seduz. E vão se eternizando em vida, agitando e alegrando a existência dos demais mortais.
Que a vida lhes seja leve. Amém!


Tânia Fonseca


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Breve reflexão sobre amizade...

                                                                                                             

Há de se cuidar do amigo.
Há de se mimá-lo, protegê-lo e exaltá-lo.
Porque a amizade é grave! É gravíssima!

Não se pode ser breve com um amigo.
Não se pode estar indisponível.
Ser displicente.
Ausente...

É urgente dizer ao amigo a palavra desejada...
Enviar-lhe a mensagem necessária.
E estar sempre atento.
Há de se estar sempre atento aos amigos.

Afinal, a felicidade em geral surge das pequenas atenções,
Dos pequenos gestos, de delicadezas e sutilezas.
A amizade é grave! É gravíssima!

Há de se cuidar do amigo.
Há de se mimá-lo, protegê-lo e exaltá-lo!
Porque nada é mais desolador, triste e desonesto,
do que um “meio-amigo”, um “falso amigo” ou um “quase-amigo”.

Há de se cuidar do amigo.
Há de se mimá-lo, protegê-lo e exaltá-lo!
Se assim não for, cerquem-se apenas de simpatias e afinidades breves, e basta!
Porque a amizade é grave! É gravíssima!
Mas nos faz sempre, tão bem!"

Tânia Fonseca...

domingo, 13 de novembro de 2011

SOBRE AMOR, DESEJOS E AFINIDADES...


A conheci em setembro numa tediosa tarde qualquer!
Ela desarrumou meu dia. Tumultuou minha rotina
Requisitou-me com enunciados objetivos: “quero”, “preciso”, “como faço”.
Uma mulher inesperada!
                                                                                                      
Mas obstinada por um objetivo, uma mulher de escorpião!
Tirou a paz das minhas tardes e de algumas manhãs,
E derrepente me peguei pensando nela, às vezes.

Tinha um cheiro gostoso!
Era esguia. Gosto de magrinhas!
Assim, do nada, num momento de desatenção, dividi com ela
porções de minhas noites e instantes de solidão.
Ela me prestou atenção. Tínhamos afinidades!

E falamos de doçuras, deleites e encantos.
Uma mulher envolvente.
Que me exasperava com seus enunciados impositivos:
“Quero”, “cadê”, “por quê?”.
Uma mulher mimada!
                                                            
Mas, tinha um abraço gostoso!
Que me despertava uma quentura...
um arremesso aos primeiros desejos,
às ansiedades desconhecidas de menino.
Uma ousadia!
Pensei transar com ela, banalizar o termo da ternura,
Invadir suas luxúrias. Domá-la entre lençóis e estrelas!
Pra finalmente alcançar seu abandono absoluto.
Desvendá-la na madrugada
entre o espaço da casa dela e da minha...Comodidade.
Mas .Meu desejo nem é tão real assim, ela nem é tão ousada assim.
E ela quer coisas estranhas: “favores”, “delicadezas”...

Sou de sagitário, um caçador!
Melhor não tê-la por perto.
Afinal ela é de escorpião,
Pura agitaçao  
Melhor não.

                               Tânia Fonseca.