sexta-feira, 17 de junho de 2011

O silêncio dos culpados.

Nunca antes a política brasileira esteve tão imoral, ou corrigindo, nunca antes a política brasileira esteve tão escancaradamente imoral. Somos expostos diuturnamente às mais diversas formas de canalhices possíveis dos nossos políticos. Estamos a par de seus roubos, das suas desfaçatezes e dos seus desmandos.   
Nunca antes, nossos políticos praticaram tantos desmandos com nosso dinheiro, assim, sem um pingo de vergonha na cara, sem um resquício de moral e de respeito por nós cidadãos, sempre mal assistidos e ignorados.
            Estamos exaustivamente informados da corrupção que assola a arena política atual. Então, por que nós nos calamos?  Por que não reagimos e exigimos que saiam? Que sejam punidos? Por que nós, os brasileiros, não nos mobilizamos? Não nos juntamos em grupos de 30, 40, 100 mil brasileiros cansados e ofendidos e colocamos esses políticos ladrões e ordinários para fora de nossas instituições governamentais?
O futebol com sua alegria desmedida: atrai um público, em geral, de 30 mil ou mais torcedores aguerridos e dispostos a incentivarem seus times. Os shows artísticos também arrastam multidões encantadas por ídolos quase sempre dispensáveis. E as igrejas, então, repletas de fiéis à procura de soluções mágicas e rápidas. Por que então não conseguimos invadir o congresso com 70 mil ou mais cidadãos indignados e ultrajados?
Tenho certeza que, um levante com milhares de pagadores de impostos: Portando a desrespeitada bandeira brasileira e bradando fervorosamente o nosso esquecido hino nacional e invocando a punição e exigindo o decoro e honestidade da nossa liderança, implantaria o medo na corja de ladrões que se agasalham na nossa combalida política. Forçando os líderes marginais a debandarem e a restaurarem o respeito e a dignidade necessária para lidarem com o público e o social.
Fico imaginando o senado cercado de brasileiros indignados. E Sarney e os demais safados, estupidificados, assustados como ratos. Acusando e apontando seus dedos sujos uns nos outros, se escondendo e se justificando inutilmente.   Seria o final de uma época de malandragem e o inicio de uma etapa de responsabilidade e respeito pela nação. Por que então ficamos calados e passivos?
Sociologicamente as respostas são inúmeras. Mas vou ser apenas realista. Somos um povo embalado desde a mais tenra infância, com o mantra de que, aos parentes e amigos cabem as benesses, aos outros, a lei. Aprendemos muito cedo, que em nossas cadeias a maioria é de negros, pardos e pobres. Aprendemos também que ser esperto e levar vantagem são uma virtude. Quem tem padrinho com prestígio pode muito e quem tem prestígio e dinheiro pode tudo.
No Brasil, jovens chegam à faculdade escrevendo lixo com “ch”, resultado de professores que fingem que ensinam e alunos que não se incomodam em não aprenderem. Grande parte de nossos funcionários públicos são indiferentes, incompetentes e omissos.  Isso quando não são cooptados pelo crime: medicamentos que são roubados de hospitais públicos e postos de saúdes e vendidos a preços módicos em feiras livres. Merendas que são desviadas de escolas públicas. Brinquedos que são roubados de abrigos infantis. Doações a necessitados que são espoliadas. Segundo pesquisa da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, sete em cada 10 brasileiros compram produtos piratas. Em resumo, são crimes que acontecem porque tem toda uma rede de receptadores que são os cidadãos comuns.
No Brasil prosperam os golpes que prometem dinheiro fácil e rápido. Ou alguém acredita na inocência dos enganados nos golpes da pirâmide, do bilhete premiado e outras várias ciladas que contam com a predisposição do outro a si dar bem, sem muito esforço.
Afinal, no Brasil, o jeitinho brasileiro é uma característica positiva. Brasileiros estacionam em lugares proibidos, jogam lixo em lugares inusitados, inventam “gatos” de energia e de água. Brasileiros compram diplomas falsos, carteiras de motoristas, compram a boa vontade dos guardas. Compram carros, peças e outras mercadorias pela metade do preço, sem a mínima preocupação com suas procedências. Em resumo, existe uma tolerância e uma aceitação anormal pelo ilícito, pelo ilegal e pelo imoral. Portanto, José Sarney, Renan Calheiros e todos os outros personagens nefastos de nossa política, infelizmente representam a nossa face oculta.
No Brasil, são poucos os que podem atirar a primeira pedra.



Tânia Fonseca



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